Nos últimos anos o número de divórcios deu um salto no Brasil, segundo dados do IBGE foram registrados 341,1 mil divórcios em 2014, ante 130,5 mil registros em 2004. É um salto de 161,4% em dez anos. Esse crescimento não dá sinais que irá desacelerar, principalmente porque a família vem sofrendo um desmonte nas últimas décadas e perdendo cada vez mais a sua função na sociedade, algo que me deixa muito preocupada e vocês logo saberão o porquê.
Muitos não sabem, mas o divórcio ocupa a segunda colocação na escala de Holmes-Rahe de stress, só perdendo para a morte do cônjuge, isso significa que o divórcio é um dos momentos mais dolorosos que uma pessoa pode viver. É importante ressaltar que essa escala foi elaborada a partir de sentimentos de pessoas adultas, agora imagine o quanto o divórcio dos pais pode ser doloroso para uma criança que ainda não tem estrutura emocional para enfrentar tamanha dor?
Crianças e adolescente tem apresentado muitos problemas emocionais em decorrência da separação dos pais, a ansiedade, o comportamento agressivo, dificuldade de obedecer a regras, dificuldade de aprendizagem, humor deprimido, uso de drogas na adolescência e muitos outros comportamentos podem estar relacionados com a dor gerada pela separação dos pais.
Na maioria das vezes o divórcio também gera o afastamento da figura paterna, tão importante para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social na infância. Silveira em seu livro “O exercício da paternidade” cita uma pesquisa realizada nos Estados Unidos que traz informações preocupantes.
“Informa que 72% dos adolescentes envolvidos em assassinatos, 60% dos envolvidos em casos de estupro e 85% dos detentos do sexo masculino cresceram sem a presença do pai. Os pesquisadores registram, também, que a repetência escolar é duas vezes maior entre crianças que crescem em lares sem a presença paterna e que 3 em 4 suicídios ocorrem em situações nas quais o pai não se faz presente”.
Em situações onde o divórcio for inevitável os pais devem se preocupar em fornecer um suporte emocional aos seus filhos, um acompanhamento psicológico durante e após o divórcio pode evitar danos emocionais que podem ser irreversíveis no futuro.
FABIANA BARBOZA – PSICÓLOGA INFANTIL
CRP: 05/39149